sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Greve de Fome


Quando se fala em greve de fome, vem logo a nossa mente a luta de Mahatma Ghandi pela libertação da Índia do jugo colonial inglês. O apelo à “não violência” que marca o processo de independência daquele país, marca também todas as formas de lutas libertárias posteriores. Esta tática foi adotada por Martin Luther King na defesa dos direitos civis dos negros norte-americanos e por muitos prisioneiros políticos em várias penitenciárias pelo mundo afora.
Algo de estranho aconteceu no Brasil nestas últimas semanas: a breve greve de fome do bispo Dom Cappio contra a transposição do Rio São Francisco.
De início, percebíamos a manifestação do prelado como aquela própria de quem vive no meio do sertão e possui uma forte consciência ligada as dificuldades da população miserável, que pensa além destas grandes obras e que resolveu radicalizar para chamar atenção para uma questão super complexa que é a da seca e da miséria no meio rural nordestino e que obviamente a obra não vai, nem de longe, resolver.
Tenho dúvidas se numa questão como essa cabe uma greve de fome. Afinal o impacto desta transposição é muito menor do que foi a eliminação da cachoeira de sete quedas, que deu origem a usina de Itaipu e mesmo as usinas do rio Madeira que acabaram de ser licitadas. Trata-se evidentemente de mais uma grande obra que agride o meio ambiente, e só.
Mas pelo jeito Dom Lula, que não deixa de certa maneira de ser um pouco uma criatura da CNBB, olhou, pensou bem, avaliou e concluiu que o bispo tava blefando, ou em outras palavras, não iria levar às últimas conseqüências, como Ghandi, a tal greve de fome (jejum?!) e resolveu mostrar-se, independente das injunções de igrejas e credos. Sua maneira de tratar a questão resultou no pior dos mundos, o nosso Grande Líder desdenhou este legítimo instrumento de luta política e junto esnobou uma liderança da sociedade civil local, o bispo Dom Cappio, que tem uma história pessoal respeitável de identidade com a galera do semi-árido.
Sinceramente, achei lamentável. Greve de fome é coisa séria, viu Dom Lula e Dom Cappio?
Neste episódio, quem merece parabéns é a atriz Letícia Sabatella que, com elegância e firmeza, em artigo publicado no O Globo de hoje (21/12/07), desnudou a postura autoritária do presidente e também do candidato Ciro Gomes, ensinando-lhes que um projeto contraditório como este não se resolve na base do grito e da arrogância.
Enfim, novamente, uma ação caríssima feita em nome dos pobres do nordeste.
As empreiteiras se deram bem mais uma vez e “la nave va”.
Saravá!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Chora Coringão


O estádio de futebol do Grêmio, o Olímpico, em Porto Alegre parecia estar em dia de decisão. Era dois de dezembro de 2007, um domingo à tarde ensolarado, 16:00 h., e o time do Corinthians paulista parecia com medo de entrar em campo. A equipe do Grêmio já o esperava havia bastante tempo. Eles pressentiam o que estava por acontecer o que público todo gritava: Ão, Ão, Âo, Coringão na segunda Divisão.
As cores, azul celestial, preto e branco tomavam por completo todos os espaços e a cadência dos torcedores faziam do espetáculo esportivo um grande evento. Os gremistas experimentavam um um certo prazer sádico e vingativo. Os repórteres e fotógrafos dentro do campo ajudavam a compor um ambiente da emoção que estava por vir.
O torcedor mais importante do Corinthians, o presidente Lula não estava presente, ele até gostaria de estar, mas não podia correr o risco de ser chamado de pé-frio, principalmente um ano depois do Brasil ter perdido a copa do Mundo na Alemanha, durante o seu primeiro mandato. Não podia assistir a tragédia corintiana, era dar muito sopa para o azar.
Os dirigentes do clube tinham vendido o timão pruns mafiosos russos por dinheiro sujo, mas a galera gostava enquanto o time ganhava. Porém, de vez em quando chega a hora da verdade. Agora ajoelha moçada.
Havia atrás de um dos gols uma grande faixa da TV Globo, meio intrigante, era enorme, em fundo preto com letras em branco : O SISTEMA SEMPRE VENCE. Era uma publicidade ingênua de um de seus programas, mas poderia sugerir um jogo de cartas marcadas, um certo mau agouro, um cheiro de marmelada de outros momentos; por acaso a faixa encontrava-se embaixo da torcida do Timão.
Mas o futebol às vezes ensina que o impossível pode acontecer, pelo visto até na Venezuela.
Coringão não desanime porque se não a terceira divisão te pega, não é Flu e Bahia? Pois é.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

PAESE DI MERDA


Há cenas de filmes que ficam especialmente gravadas em nossa memória. Às vezes é uma simples tomada de imagem, uma frase solta, um trecho de música, um passo de dança, um beijo, enfim uma chave que nos abre uma recordação.
Outro dia aqui no Rio de Janeiro na praia de Ipanema próximo a esquina da Rua Farme de Amoedo, na pista da Av. Vieira Souto, morreu atropelado um jovem italiano que caiu na rua ao tentar defender seu pai de um assalto, daquele tipo corriqueiro, onde se arranca o cordão de ouro do pescoço de uma pessoa. Causa mortis: não aceitar que um cara qualquer tomasse de seu papá, um objeto dele.
Veio-me a mente uma cena de um filme de Mario Monicelli: “Os Companheiros” (I compagni) gravada em uma estação ferroviária, na qual um professor, interpretado por Marcelo Mastroianni, da janela de um trem que acaba de chegar à cidade, pergunta a um operário que lá estava:
– Que lugar é este? ( Che paese è questo? )
Ele revoltado com o fato de ter sido traído por seus companheiros, após o fracasso de uma tentativa de paralisação da fábrica, responde:
– Este um país de merda. ( Questo è um paese di merda )
O pai do rapaz morto atropelado por um ônibus, em estado de choque manifestou a ira justa dos revoltados e lançando seu relógio e sua carteira gritava:
– QUESTO È UM PAESE DI MERDA
E é.
Na mesma semana lemos no jornal que morreram no Rio de Janeiro: um cabo do BOPE ( O mesmo BOPE enaltecido no filme “Tropa de Elite”), um capitão do Exército Brasileiro e mais três homens da PM carioca em circunstâncias variadas.
No Brasil parece que as pessoas morrem como baratas, por motivos banais e na maioria das vezes sem motivo, gente inocente vítima de psicopatas e idiotas.
A coisa tá ficando cada vez mais feia. Sociólogos, Psicólogos, Ideólogos de várias correntes não dão conta de minimamente explicar o que está acontecendo conosco, muito menos em apontar soluções para está trágica situação em que se encontra a sociedade brasileira.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

PORQUE NO TE CALLAS ?


O rato roeu a roupa do rei dom Juan de España.
Majestade! Por que perdeste sua dita cuja majestade?
Terá sido em razão do Chávez ter criticado o Aznar? Ter dito que ele é fascista? Ter afirmado que ele apoiou a invasão do Iraque com tropas de soldados espanhóis? Ter apoiado politicamente a tentativa de golpe na Venezuela????
No creo…
Talvez as críticas recebidas à política do governo de seu país de incentivo financeiro para que os espanhóis procriem mais, que envolveram maliciosamente o príncipe e sua esposa o tenham perturbado. Não esquenta. Deixa pra lá, rei.
O que de concreto resultou de sua incontinência verbal, foi que Vossa Majestade descalçou o Zapatero, que se diga de passagem, como todo cara equilibrado, levou porrada de todos os lados. Mas como ele é do ramo saberá dar o passo certo.
Felizmente no Brasil, já tivemos o nosso próprio rei e não corremos o risco de ouvir tal "fala do trono” de um rei de Portugal, pois afinal, em terras lusitanas, houve uma revolução, a dos cravos, num lá se vai 25 de abril de 1974. Lá não houve a tal transição da ditadura para a liberdade política, via monarquia, a la espanhola, com pactos, etc…
Mas de qualquer forma, cabe um caloroso agradecimento ao Rei de Espanha por ter cunhado a frase do ano que poderá ser sempre utilizada nas mais diversas situações:
Por que não te calas?
Use-a com moderação, adverte o Ministério da Saúde.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Copa 2014


Parece coisa de país subdesenvolvido. Não é? Pois é.
O ilustríssimo Presidente da República Lula puxando um séqüito de Governadores de Estado, entre os quais vários candidatos a sua sucessão, Aécio Neves, José Serra, Sérgio Cabral, estiveram presentes a uma reunião da FIFA em Zurich, na Suíça, onde seria anunciado o que todos eles já sabiam: O Brasil escolhido para sediar a Copa do Mundo de futebol masculino a ser jogada em 2014. Até o escritor Paulo Coelho deu o ar da sua falta de graça e de maneira muito criativa comparou futebol a sexo. Salvou a festa a presença do jogador Romário que prometeu estar em condições físicas para defender as cores da seleção da CBF.
Enquanto isso na Tupilândia, o Senador José Sarney abriu o verbo mais uma vez contra o presidente do país vizinho Hugo Chávez, pedindo a exclusão da Venezuela do Mercosul. Isso na mesma semana que a revista Época trouxe matéria a respeito do assunto, pura coincidência. Será por causa do terceiro mandato de Chávez? Calma ex-presidente, aqui a coisa ainda não está resolvida quanto a este assunto. Há um deputado do PT de São Paulo, pedindo que seja realizado um plebiscito para perguntar ao povo se o Lula pode ou não ser candidato mais uma vez. O Sr. também é postulante ao cargo dele? Pode queimar a língua, hein?!
Os jornalistas que cobrem o futebol estão em êxtase, já estão até somando sete anos a idade dos jogadores da seleção do Dunga para estimar se algum deles terá condições de jogar em 2014. Tem mais é de prestar atenção nos garotos que estão nas equipes inferiores para que eles não se naturalizem espanhóis, italianos, portugueses, alemães, ingleses, etc. Sabe como é, essa coisa de amor a Pátria anda meio devagar e não é só nas elites não.
Depois a gente se esbalda na Copa do Mundo e fatura o Hepta, porque a da África do Sul já está no papo.
Em tempo: Se não mudarem a regra do jogo da sucessão presidencial quem vai estar na Copa de 2014 é o próximo presidente eleito. Será disputada às vésperas de uma outra eleição. Não vale vaiar que não fica bem.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Tropa de Elite


- Você já foi ver o filme Tropa de Elite? Então vá. É impressionante!
Este foi o comentário que eu ouvi de um amigo logo após chegar de uma viagem que me botou fora do debate sobre o filme. Não deixa de ser uma vantagem assistir a um filme que gerou polêmica sem tê-la acompanhado de perto. O Tropa de Elite é bem feito e traz como novidade a defesa escancarada da polícia, bem ao estilo do cinema norte-americano, useiro e vezeiro em glamourizar suas loucuras, militares ou não.
O filme apresenta como narrador da estória um capitão do BOPE , na excelente interpretação do ator Wagner Moura. 
A trama se ambienta nos momentos que antecederam a visita do Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro, em 1997. Período de grande paz na cidade, parecido com o que ocorre na passagem de ano, no famoso reveillon de Copacabana, ou o havido à época da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em 1992, a RIO-92, ou até mesmo, o recente Pan-americano deste ano.
Dentro de um estado com uma polícia militar corrupta, o capitão, personagem principal , é aparentemente um cara do bem que defende a sociedade do crime organizado pelo tráfico. Ele é um cara sensível, amoroso e intolerante com os traficantes. Porém, mesmo com ressalvas, defende que os fins justificam os meios, ou seja, vale torturar e matar em nome da defesa da sociedade.
O roteiro opta por omitir posições políticas dos governantes da cidade, do estado e da Igreja, e não dá voz aos personagens do comércio ilegal de entorpecentes. Responsabiliza diretamente os consumidores de drogas, os filhinhos de papai da zona sul do Rio, filhos da elite carioca, pelo estado de coisas atual, vivido na cidade maravilhosa. De quebra ridiculariza o papel das ONG que desenvolvem trabalhos em favelas, sugerindo serem iniciativas ingênuas e coniventes com o crime, coisa de dondocas.
Enfim, uma novidade no discurso ideológico, do cinema brasileiro.

sábado, 1 de setembro de 2007

Praticamente uma Igreja


O cara encontrava-se completamente perplexo. Não entendia nada do que estava acontecendo.
Ele estava acabrunhado, sentado em uma cadeira, naquele auditório enorme, tão grande que se parecia com aqueles lugares aonde se realizam as campanhas eleitorais americanas. Sabe, aqueles auditórios imensos que a gente vê na televisão quando estão rolando as prévias das campanhas presidenciais à Casa Branca. Uma daquelas grandes produções dos gênios do marketing político: todo o espaço cheio de bandeiras e balões coloridos.
O cara estava ali, junto com os amigos de tantos anos, com os quais tinha formado uma grande irmandade. Grande parte, ele havia conhecido na época de estudante. Quanto entusiasmo, quanto afeto, quanto carinho ainda havia entre todos eles. Eram muito mais que um grupo ou que um partido, eram praticamente uma igreja. Sabe porque? Acreditavam que iriam juntos construir muitas coisas; lutar por um mundo mais justo. Não haveria mais lugar para a corrupção, nem para os luxos burgueses. Não passava pelas mentes obter privilégios para os companheiros. Só pensavam na dedicação irrestrita, total, de oferecer a vida à causa comum.
O que teria acontecido com os líderes? Eles teriam perdido a cabeça ou seriam vítimas dos inimigos do bem? Deveria haver alguma explicação plausível para tantas denúncias e acusações.
O auditório estava lotado. Os bispos haviam ficado presos por dez meses em Miami. Certamente, eles haviam confessado culpa apenas para não ficar muito tempo longe de sua igreja no Brasil. Sabe como é, nos Estados Unidos eles parecem favorecer quem admite ter cometido crimes. A gente no Brasil não tem essas facilidades oriundas das confissões, então todos os acusados afirmam que nada fizeram, que são vítimas de injustiças e que haverão de provar suas inocências.
Havia no ar uma grande expectativa e o cara imaginava que enfim obteria as explicações do que tinha acontecido com eles. Ele não agüentava mais as gozações dos amigos de outras religiões que o chamavam de otário só porque ele pagava o dízimo pontualmente. Os católicos não podiam falar mais nada porque a questão da pedofilia tinha botado eles de cabeça baixa.
Mas e os outros? Estavam morrendo de rir.
Porém quando os “cardeais” entraram na sala, atravessando o corredor central, percorrendo o enorme tapete vermelho que tinha sido estendido desde a porta até a mesa que dirigia os trabalhos, todos se levantaram e aplaudiram em pé.
Não havia necessidade de explicações. A Igreja estava salva.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Sexta fase


 NOSTALGIA
O ex-presidente resolveu realizar uma longa viagem de descanso após deixar o cargo máximo do governo, para recuperar-se da longa jornada que realizara.
Logo após, ao retornar ao país, passou a sentir falta do período em que fora governante. Não era mais procurado para dar entrevistas e seus adversários e alguns ex-colaboradores lançaram críticas sobre seu governo, havia muitos processos na Justiça, patrocinados por seus inimigos.
Ele sentia um forte sentimento de incompreensão, considerava-se abandonando e o que é pior achava que estavam destruindo sua obra.
Pensou em criar uma Fundação ou um Instituto de estudos e debates para reunir seus antigos companheiros, retomar o entusiasmo que os havia unido no passado, feito caminhar juntos.
Sentia também saudades dos tempos de poder, da pompa dos banquetes, dos contatos com líderes de outros países e principalmente da corte que o fazia sentir-se superior aos outros homens.
Já não o escutavam como antigamente.
Ele pensou em escrever um livro de memórias, proferir conferências, talvez se candidatar ao Senado, ou a Câmara dos Deputados, ou quem sabe a Prefeitura de sua cidade natal.
Entendia perfeitamente agora, porque todos os que uma vez tenham vivido o poder, não conseguiam viver sem ele.
O governante pensava como um ex-governante.
Vivia de lembranças e ilusões de talvez ocorrer um retorno triunfal nos braços do povo.
Ele dizia para si que o país ainda precisava dele.

sábado, 21 de julho de 2007

SEM PALAVRAS


Estava esperando a demissão do cara da ANAC e ele foi condecorado com a medalha da Ordem Aeronáutica.
Eu ouvi dizer que ele é protegido da Dilma.
Será verdade? Até tu Dilma? Eu não acredito.
Ainda faltam no mínimo três anos e meio de governo e eu estou me lembrando do quinto ano do Conselheiro Sarney quando era presidente.
Porém, tenho esperança que agora vai, o Lula vai mostrar a que veio, vai retomar as teses da democracia representativa, todos reunidos apresentando idéias e sugestões de como construir uma civilização justa nos trópicos, onde todos se respeitem, onde não haja mandonismo e todos possam viver livremente, solidariamente, em harmonia.
Ele vai mandar a merda às conveniências políticas imediatas.
As lágrimas dos velhos militantes que rolaram no dia da sua primeira eleição finalmente serão honradas.
Eles dirão: Não esperamos em vão.
Marco Aurélio, pelo menos fecha a cortina cara. Assim não dá, né?

Quinta fase


NARCISISMO
O governante se sente iluminado, acima do bem e do mal, acreditando que pode dizer e fazer o que bem entender, já não defende um ideal programático, faz apenas o jogo do poder e das conveniências políticas. Seu discurso perde consistência, é pronunciado com a intenção de reforçar os arranjos que o sustentam. Age somente para manter-se no poder e desfrutar das delícias do cargo. Permite-se fazer toda e qualquer aliança que reforcem os seus interesses políticos pessoais. Afasta-se de aliados das primeiras horas e junta-se àqueles que durante as lutas políticas passadas ele havia duramente acusado.
Os que o cercam cobrem-no de elogios e dizem que ele é mais que um governante é um estadista, que o país não pode prescindir dele e que o melhor seria ele se dispor a cumprir mais um mandato. A Constituição não permite, mas ela pode ser reformada.
Afinal, o que interessa é a vontade soberana do povo e as pesquisas de opinião realizadas para tal fim comprovam que esta é a vontade do povo.
E ao ouvir todas estas coisas ele se sente feliz, quase em delírio.
O governante… Ora o governante… Acabou. Ele é governado por sua vaidade.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Quarta fase


O MUNDO DA FANTASIA 
Ele passou a acreditar nas peças publicitárias que ele mesmo havia encomendado e tinham sido elaboradas por sua equipe de propaganda. Passou a solicitar relatórios que informassem os avanços alcançados por seu governo.
Seus contatos passaram a restringir-se apenas a Corte que o cercava. Evitava seus antigos aliados e companheiros e fugia de eventos públicos que pudessem lhe parecer hostis, ou seja, manipulados por seus adversários.
Considerava que a situação atual era muito melhor do que antes de seu governo, que somente os mal intencionados ou desinformados não percebiam as transformações que estavam ocorrendo e passou a chamar de cassandras e carpideiras aqueles que insistiam em criticá-lo, a turma do nhem,nhem, nhem…
Sua assessoria o enchia de relatórios com estatísticas que demonstravam como o país estava melhorando. Passou a fazer declarações e discursos ufanistas enaltecendo as realizações de seu governo e freqüentemente lançava farpas sobre a oposição e seus antecessores.
Considerava-se perseguido pela mídia que insistia em apresentar diariamente notícias e análises sobre possíveis mazelas e ineficiências que estariam ocorrendo em seu mandato.
Não reconheciam seu esforço e dedicação ao país, não respeitavam sua biografia.
O governante perdeu totalmente o contato com a realidade.