terça-feira, 23 de outubro de 2007

Tropa de Elite


- Você já foi ver o filme Tropa de Elite? Então vá. É impressionante!
Este foi o comentário que eu ouvi de um amigo logo após chegar de uma viagem que me botou fora do debate sobre o filme. Não deixa de ser uma vantagem assistir a um filme que gerou polêmica sem tê-la acompanhado de perto. O Tropa de Elite é bem feito e traz como novidade a defesa escancarada da polícia, bem ao estilo do cinema norte-americano, useiro e vezeiro em glamourizar suas loucuras, militares ou não.
O filme apresenta como narrador da estória um capitão do BOPE , na excelente interpretação do ator Wagner Moura. 
A trama se ambienta nos momentos que antecederam a visita do Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro, em 1997. Período de grande paz na cidade, parecido com o que ocorre na passagem de ano, no famoso reveillon de Copacabana, ou o havido à época da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em 1992, a RIO-92, ou até mesmo, o recente Pan-americano deste ano.
Dentro de um estado com uma polícia militar corrupta, o capitão, personagem principal , é aparentemente um cara do bem que defende a sociedade do crime organizado pelo tráfico. Ele é um cara sensível, amoroso e intolerante com os traficantes. Porém, mesmo com ressalvas, defende que os fins justificam os meios, ou seja, vale torturar e matar em nome da defesa da sociedade.
O roteiro opta por omitir posições políticas dos governantes da cidade, do estado e da Igreja, e não dá voz aos personagens do comércio ilegal de entorpecentes. Responsabiliza diretamente os consumidores de drogas, os filhinhos de papai da zona sul do Rio, filhos da elite carioca, pelo estado de coisas atual, vivido na cidade maravilhosa. De quebra ridiculariza o papel das ONG que desenvolvem trabalhos em favelas, sugerindo serem iniciativas ingênuas e coniventes com o crime, coisa de dondocas.
Enfim, uma novidade no discurso ideológico, do cinema brasileiro.

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