quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Violência e modernidade


Toca o telefone, o cara meio dormindo atende; ouve do outro lado aquela musiquinha de ligação a cobrar. Quem será? Ouve de repente, uma voz abalada e suplicante pedindo ajuda. “Pai me ajuda, pai”. A seguir, entra um pilantra na linha, em tom agressivo anunciando que era do tráfico e tinha seu filho seqüestrado e perguntava ansioso e arrogante: Você quer o seu filho de volta? Tem grana em casa? Ta sozinho? Vai querer seu filho de volta? Acho que vou matar ele logo, um babaca a menos… Após outro com voz mais mansa tentando acalmar para prosseguir…
Adrenalina a mil. Por milagre, sua mulher consegue pelo celular falar com os filhos que também estavam acabando de acordar. A pressão subiu, o batimento cardíaco idem, mas o suplício cessou.
No dia anterior, o cara havia recebido dois e.mails, um em nome do Fininvest e outro em nome da loja virtual Submarino tentando pescar dados e captar informações e senhas. De cada dez mensagens eletrônicas recebidas, nove são spam de todo canto do mundo. Que merda!
Ele se pergunta se as coisas estão piorando ou ele é que tinha tido sorte até aquele momento.
Mas nada como aprender com a sabedoria dos mais jovens.
“Ô velho! Estelionato sempre houve, ou você acha que com as facilidades atuais de telefones celulares e computadores os estelionatários não iriam também usá-los?” Os contos do vigário se reciclam ao longo do tempo, sempre correndo atrás de uma desatenção ou de uma guarda aberta.
Veio a mente do cara um fato ocorrido trinta anos antes, que, em meio a um congestionamento de trânsito, depois de terem lhe arrancado o relógio de pulso pela janela do ônibus, ele tinha ouvido a máxima de um motorista do ônibus ao lado e que a tudo assistira: “pois é meu irrrmão, bobeô, dançô”
E assim caminha a humanidade em direção as chamadas sociedades civilizadas.

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