sexta-feira, 13 de julho de 2007

Terceira fase


ISOLAMENTO
Ele passou a se cercar de bajuladores, procurava contato apenas com assessores que elogiassem seu governo e lhe trouxessem notícias boas, a dita “agenda positiva”, afastou-se daqueles que lhe traziam problemas e críticas.
Passou a solicitar que os relatórios enfatizassem o lado positivo da ação governamental e que mesmo não sendo precisos e verdadeiros pudessem constituir-se em fatores importantes para criação de um ambiente favorável ao seu governo.
Alguns velhos companheiros de partido reclamavam que não conseguiam mais acessá-lo. Ele reclamava que não era mais procurado por eles. O seu gabinete transformou-se num escudo de tecido impermeável, só o acessava quem o gabinete autorizasse. Em viagens pelo país o esquema de segurança argumentava que ele não podia se aproximar muito do povo, afinal podia haver gente infiltrada com o intuito de provocar tumultos ou até mesmo atentados. Irritava-se quando recebia informações sobre especulações a respeito de sua sucessão, as próximas eleições somente ocorreriam dali a dois anos.
Só se sentia bem em pequenos eventos ou quando viajava para o exterior, pois ainda era recebido com respeito, pompa e circunstância e podia de maneira relaxada manifestar-se sobre questões de princípio, temas relevantes para o mundo, que o faziam voltar aos momentos em que pregava mudanças.
Encomendou ao setor de comunicação do governo que fizesse campanhas publicitárias para melhorar o astral do país, para combater o pessimismo e os pessimistas que colocavam em dúvida o nosso futuro; que elaborassem discursos afirmativos, como os que eram feitos na época da memorável campanha eleitoral que havia empolgado o país e o levado ao poder.
O governante passou a considerar que todos aqueles que o criticavam eram seus opositores, adversários ou até inimigos.

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