quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Segundo turno: a hora da escolha

O segundo turno de eleições presidenciais, em todo mundo, desperta grandes emoções. Recentemente, próximo de nós, tivemos os casos das eleições na Bolívia e no México. Grandes emoções estão também reservadas para o segundo turno das eleições no Equador. Estas eleições, vistas de fora, parecem que colocam os cidadãos destes países diante de alternativas simétricas, ideologicamente opostas: escolhas difíceis. As mudanças havidas na Bolívia confirmam a percepção de que decisões importantes estão sendo tomadas, em curso um projeto nacionalista, centrado na afirmação dos valores culturais da origem indígena da maioria da população boliviana. O projeto econômico baseia-se no fortalecimento do estado e no plano político promove um alinhamento com a liderança de Hugo Chavez. No México, a eleição se decidiu por diferença tão pequena que levantou dúvidas sobre a seriedade da apuração e praticamente dividiu a sociedade. Neste país, após uma longa hegemonia do PRI, que governou em regime de partido único, por mais de noventa anos, os mexicanos se debatem com os permanentes problemas derivados de uma relação mal resolvida com seu vizinho do norte: os Estados Unidos da América. O ingrediente novo é o movimento zapatista de Chiapas, até o momento, com face de assembléia em reunião permanente, mais para fórum do que para partido político.
Qual será a escolha dos equatorianos? Seguirá o caminho “bolivariano”
E o Brasil? Que coisa heim?
Eleição em segundo turno sem tesão. Porque será?
Além de outras coisas, as diferenças programáticas precisam ser procuradas com lupa e os discursos dos candidatos parecem mais apropriados para disputas de eleições municipais. A toda hora um monte de desmentidos. Um querendo pegar a bandeira do outro ou pregar-lhe uma peça. Francamente, que nível minimalista, que pobreza de discussão política!
E os apoios de cada qual? Afinal quem está com quem? O que está sendo negociado nestas alianças, de maneira visível e invisível? Vários partidos com um pé em cada canoa, outros sem querer se posicionar.
Muitos têm razões de sobra para não estar nem com Lula, nem com Alckmin; não admiram nem o jeito petista de governar, nem o receituário neoliberal que quer substituí-lo.
Porém, independentemente do resultado eleitoral, o cenário político futuro, pós-eleições, devido às dificuldades de conciliação das duas tendências em disputa, sugere um período de crises ao longo do próximo mandato. Como virá a definição de um novo projeto para o país, que o liberte dos ventos tardios de Ronald Reagan e Margaret Thatcher e dos egos de FHC e Lula? Ao menos os dois candidatos reafirmam a importância da retomada do crescimento econômico e do papel estratégico da educação, e estes temas possam constituir um ponto de partida.

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