domingo, 24 de setembro de 2006

Pode ser a gota d’água


Há uma semana das eleições baixou o espírito de repórter. De máquina fotográfica em punho, fomos observar no calçadão de Ipanema, como estaria rolando a campanha eleitoral. Afinal são eleições gerais conquistadas com muito suor e lágrimas. O domingo amanheceu nublado, com aquele ar meio depressivo; um vento que não havia sido convidado fazia questão de se mostrar de quando em quando. A temperatura para caminhar estava agradável e os esportistas de sempre estavam presentes andando de um lado para outro. Logo que chegamos percebemos que o clima não era de muita animação. Será que nestas eleições proibiram as bandeiras? Onde estão as bandeiras dos partidos políticos, as reais e as simbólicas? Nenhuma bandeira vermelha, nem mesmo com girassóis. O que se via era apenas a propaganda de alguns candidatos a deputado, meio sem graça, com cartazes empunhados por cabos eleitorais remunerados. Ouvimos um retalho de conversa engraçado: um passante perguntou para um cara que distribuía santinhos de uma candidata à deputada federal, onde ela estava naquele instante e o cara respondeu que ela tinha ido à Missa, observe-se que a candidata em questão é uma delegada de polícia que concorre pelo PPS à Câmara dos Deputados. Não havia nenhuma propaganda de candidatos à presidência da República, nem a governador de Estado, a exceção de alguns cartazes de deputados pedindo votos para a juíza Denise Frossard. Zero de campanha presidencial.
De repente, não mais que de repente, começam a aparecer algumas pessoas vestindo camisetas pretas com os dizeres: LULA NÃO (na frente) e ABAIXO A CORRUPÇÃO (na parte de trás). Na medida que caminhávamos íamos vendo mais algumas pessoas vestindo camisetas semelhantes. Ouvimos dizer que estavam distribuindo estas camisetas no final da rua. Ao chegarmos lá, de fato, próximo à estátua do Zózimo, aquele cronista social que marcou época na imprensa do Rio de Janeiro, tinha um grupo de pessoas vendendo as camisas a R$ 5,00 cada uma, falando que era para ajudar a cobrir os custos. Não era visível quem estaria produzindo tais camisetas, mesmo supondo-se quem seria o beneficiário. Voltamos para casa, alguns sem-teto, como já faz parte da paisagem, ali e acolá, ainda dormiam embaixo de cobertores, outros atrás de algum dinheiro para comer alguma coisa…
 

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