terça-feira, 3 de julho de 2007

Primeira fase


EUFORIA
A chegada ao poder foi estonteante. O presidente e seu grupo estavam cheios de entusiasmo com a nova missão. Os momentos vividos foram de alegria que chegavam às vezes as lágrimas. A campanha eleitoral tinha sido árdua, mas finalmente eles teriam a chance de mudar o país. Realizariam os sonhos que acalentaram desde a juventude. Tinha a confiança do povo, mesmo que milhões de eleitores tivessem votado no outro candidato. O dia da posse foi esplêndido, passeara de carro em meio a uma multidão em êxtase, subira a rampa do palácio sob aplausos. A noite houve uma grande festa com intelectuais, artistas, representações diplomáticas, gente muito bonita e alegre. Recebera telefonemas de personalidades mundiais, algumas que conhecia apenas pela televisão. Até o Papa tinha tentado falar com ele.
Os primeiros relatórios que chegaram a suas mãos apontavam situações graves e mostravam que os problemas eram mais complexos do que imaginava. Se soubesse de alguns detalhes talvez não tivesse feito tantas promessas durante a campanha. Não era responsável por eles, mas tomava consciência de que os meios para resolvê-los eram menores do que supunha. Tinha vontade política e iria enfrentá-los.
Ao mesmo tempo, tudo que solicitava era de pronto atendido. As coisas fluíam e lhe dava impressão que era simples governar. Recebia muitos elogios e seus primeiros discursos eram bem recebidos. Providências eram tomadas. É verdade que algumas informações que chegavam às suas mãos exageravam a ação de seu governo e continham muitas imprecisões que beiravam a inverdades; de pronto ele pedia que fossem corrigidas.
Percebia que a burocracia do palácio, sempre muito cortês, procurava envolvê-lo. Os presidentes estrangeiros atendiam-no com cortesia, convidavam-no a visitar seus países e prometiam muita colaboração.
O governante se sentia poderoso. 

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