quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Copa 2014


Parece coisa de país subdesenvolvido. Não é? Pois é.
O ilustríssimo Presidente da República Lula puxando um séqüito de Governadores de Estado, entre os quais vários candidatos a sua sucessão, Aécio Neves, José Serra, Sérgio Cabral, estiveram presentes a uma reunião da FIFA em Zurich, na Suíça, onde seria anunciado o que todos eles já sabiam: O Brasil escolhido para sediar a Copa do Mundo de futebol masculino a ser jogada em 2014. Até o escritor Paulo Coelho deu o ar da sua falta de graça e de maneira muito criativa comparou futebol a sexo. Salvou a festa a presença do jogador Romário que prometeu estar em condições físicas para defender as cores da seleção da CBF.
Enquanto isso na Tupilândia, o Senador José Sarney abriu o verbo mais uma vez contra o presidente do país vizinho Hugo Chávez, pedindo a exclusão da Venezuela do Mercosul. Isso na mesma semana que a revista Época trouxe matéria a respeito do assunto, pura coincidência. Será por causa do terceiro mandato de Chávez? Calma ex-presidente, aqui a coisa ainda não está resolvida quanto a este assunto. Há um deputado do PT de São Paulo, pedindo que seja realizado um plebiscito para perguntar ao povo se o Lula pode ou não ser candidato mais uma vez. O Sr. também é postulante ao cargo dele? Pode queimar a língua, hein?!
Os jornalistas que cobrem o futebol estão em êxtase, já estão até somando sete anos a idade dos jogadores da seleção do Dunga para estimar se algum deles terá condições de jogar em 2014. Tem mais é de prestar atenção nos garotos que estão nas equipes inferiores para que eles não se naturalizem espanhóis, italianos, portugueses, alemães, ingleses, etc. Sabe como é, essa coisa de amor a Pátria anda meio devagar e não é só nas elites não.
Depois a gente se esbalda na Copa do Mundo e fatura o Hepta, porque a da África do Sul já está no papo.
Em tempo: Se não mudarem a regra do jogo da sucessão presidencial quem vai estar na Copa de 2014 é o próximo presidente eleito. Será disputada às vésperas de uma outra eleição. Não vale vaiar que não fica bem.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Tropa de Elite


- Você já foi ver o filme Tropa de Elite? Então vá. É impressionante!
Este foi o comentário que eu ouvi de um amigo logo após chegar de uma viagem que me botou fora do debate sobre o filme. Não deixa de ser uma vantagem assistir a um filme que gerou polêmica sem tê-la acompanhado de perto. O Tropa de Elite é bem feito e traz como novidade a defesa escancarada da polícia, bem ao estilo do cinema norte-americano, useiro e vezeiro em glamourizar suas loucuras, militares ou não.
O filme apresenta como narrador da estória um capitão do BOPE , na excelente interpretação do ator Wagner Moura. 
A trama se ambienta nos momentos que antecederam a visita do Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro, em 1997. Período de grande paz na cidade, parecido com o que ocorre na passagem de ano, no famoso reveillon de Copacabana, ou o havido à época da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em 1992, a RIO-92, ou até mesmo, o recente Pan-americano deste ano.
Dentro de um estado com uma polícia militar corrupta, o capitão, personagem principal , é aparentemente um cara do bem que defende a sociedade do crime organizado pelo tráfico. Ele é um cara sensível, amoroso e intolerante com os traficantes. Porém, mesmo com ressalvas, defende que os fins justificam os meios, ou seja, vale torturar e matar em nome da defesa da sociedade.
O roteiro opta por omitir posições políticas dos governantes da cidade, do estado e da Igreja, e não dá voz aos personagens do comércio ilegal de entorpecentes. Responsabiliza diretamente os consumidores de drogas, os filhinhos de papai da zona sul do Rio, filhos da elite carioca, pelo estado de coisas atual, vivido na cidade maravilhosa. De quebra ridiculariza o papel das ONG que desenvolvem trabalhos em favelas, sugerindo serem iniciativas ingênuas e coniventes com o crime, coisa de dondocas.
Enfim, uma novidade no discurso ideológico, do cinema brasileiro.