sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Coisas do Rio


Caminhar pelas ruas das grandes cidades é uma das coisas boas da vida, sempre reservando surpresas. Pois não é que noutro dia, primeiro de novembro, em pleno Largo da Carioca, não mais que de repente parecendo surgir de outra época, em meio a pessoas apressadas, surge um desfile alusivo ao dia de Todos os Santos: uma pequena banda musical, pessoas fantasiadas, algumas com enormes pernas de pau, outras carregando estandartes, tal como nas festas do Divino. O mais autêntico interior, daquelas cidades pequenas emergindo em pleno centro do Rio de Janeiro. Pode-se passar quanto tempo se queira a curtir a fauna e a flora do pedaço. No largo há sempre malabaristas, camelôs a moda antiga, diversas rodas e até um solitário pregador evangélico, que não se cansa de apontar o demônio em todas as pessoas que passam perto dele, ameaçando-as com as fogueiras eternas.
Alguém já disse que o Rio é uma grande passarela onde todo mundo quer desfilar, mas é sobretudo uma grande festa, principalmente na Lapa, a tradicional, que embora não tenha jamais morrido, nos últimos tempos ganhou força nova e está a toda e não há dúvida que o Circo Voador e a Fundição Progresso deram grande contribuição para isso.
Tem, porém, um cantinho especial o bar Semente, aquele encostado no pé dos Arcos da Lapa, na Rua Joaquim Silva, onde se estabeleceu a Comuna do Semente, espaço que vários músicos criaram pra si, para curtir e se encontrar, um lugar de música brasileira.
E não é que outro dia, no Semente, pudemos ouvir uma turma maravilhosa que veio das plagas gaúchas cantar músicas brasileiras e canções latino-americanas de Violeta Parra, Atahualpa Yupanqui, Buena Vista Social Club e clássicos como Guantanamera. O conjunto gaúcho se chama Zamba Trio e é show, apresentou repertório musical que combina sucessos eternizados por Elis Regina com canções inesquecíveis interpretadas por Mercedes Soza. É que no meio dos amantes dos chorinhos não há lugar para preconceito. É o Rio de Janeiro.